A intervenção dos
seres humanos no meio ambiente local resultou em diversas mudanças no clima e
nas condições de vida em escala global. Por esta razão são feitos os estudos
hidrológicos, pois estes são utilizados para avaliar o efeito dessas ações
antrópicas(intervenção dos seres humanos) sobre os recursos hídricos, realizar
previsões sobre o que pode ocorrer no futuro, e que medidas podem ser adotadas
para evitar ou reduzir as consequências negativas para o bem estar da
humanidade são referendadas por percepções.
É inconcebível que
os espaços habitados deixem de receber dos governantes a devida atenção por
terem capilarizada à percepção. A percepção não é um conceito forjado pelo
coletivo é o contrário disso, senão vejamos Milton Santos em Metamorfoses do
Espaço Habitado, p.68: “A percepção é
sempre um processo seletivo de apreensão. Se a realidade é apenas uma, cada
pessoa a vê de forma diferenciada; desse modo, a visão – pelo homem – das
coisas materiais é deformada”.
O Estado, contudo deve
deter-se ao refinamento das percepções, pois o conceito de Estado disseminado
amplamente firma-se na leitura que ele representa a democracia, a maioria -
embora esse “entendimento não seja único”, é preponderante nas leituras sobre
capitalismo -. E, em matéria de políticas públicas os governantes não podem
valer-se da monoblepsia para determinar suas preferências ou estratégias.
Necessário é que valide a preponderância, ou maioria como queiram, visto que em
geral os governantes não dispõem de instrumentos que mensure se a prioridade é
“A” ou “B”. Geralmente a opção é pela que possibilidade de num futuro próximo
captar votos suficientes para reelegerem-se ou elegerem correligionários(as),
logo pela ausência de renovação dos quadros políticos refiro-me aos(as) agentes
políticos de carreira.
Diante de
possibilidades reais de penarmos nas mãos de governantes devemos juntar as
percepções que se afinam – o Movimento Popular é metódico nesse quesito - e
construirmos os consensos. Aliás, se levarmos consenso “ao pé da letra” o nosso
desafio de convertermos percepção em conhecimento é tão grande quanto
compreendermos a nossa passagem - enquanto ser humano – pelo Planeta Terra.
Afinal, somos inquilinos ou moradores? Construídos os consensos entre afetos
vamos disputá-los(os consensos) com os potenciais desafetos(governantes), se
considerarmos a compreensão sobre democracia, pois ai as possibilidades de
sermos minoria é exponencial. Evidentemente que contribui nesse entendimento a
conjuntura local e regional.
Vencidas as questões
decorrentes das deformações vamos buscar outro consenso, qual seja: o governo é
eminentemente técnico. Obvio que há nessa conclusão uma vontade de governados,
mas que é diametralmente oposta ao consenso de domínio, pois relembremos a opção
– por planos e projetos - é pela que possibilidade de num futuro próximo captar
votos suficientes para reelegerem-se ou elegerem correligionários(as).
A crise hídrica tão propalada
ela foi anunciada com o advento da urbanização, leia-se século XVI. Também
nisso não há consenso, e diminui muito quando o governante é um excelente
predador, degradador, ou simplesmente destruidor exponencial das riquezas
naturais, independentemente delas serem in
ou finitas.
Não é óbvio, mas uma
leitura comunitária bem acolhida, de que quanto
menos técnico é o governante pior é o seu desempenho no refinamento das percepções.
A crise hídrica produz
há séculos estresse nas pessoas, mas que , sua divulgação com frequência pelo
IPCC(Painel
Intergovernamental sobre Mudança do Clima)/ONU através de seus relatórios gerais e de
seus GT’s estão incomodando alguns governantes e mais ainda governados, todavia
ainda é uma nano fração dos que precisam ser incomodados. Isso atinge
principalmente o local, pois a espacialidade, que definido por Milton Santos: ”seria um momento da sociedade sobre um
determinado arranjo espacial. A espacialização não é um resultado do movimento
apenas da sociedade, porque depende do espaço para se realizar. No seu
movimento permanente, em sua busca incessante de geografização, a sociedade
está subordinada à lei do espaço preexistente”.
Em novembro passado
em Genebra o IPCC publicizou um relatório do Grupo de Trabalho III apresenta vários elementos
novos. Nesse relatório há um capítulo inteiro que é dedicado a assentamentos
humanos e infra-estruturas. As estruturas de governança para o desenho de
políticas de mitigação são discutidas a nível global, regional, nacional e subnacional.
O relatório termina com um novo capítulo sobre as necessidades de investimento.
No dia 27 de janeiro
passado a Agência Estadual de Recursos Hídricos publicou a Resolução AGERH
002/2015, declarando, recomendando e suspendendo o uso da água face à ameaça de
prolongamento da escassez hídricas em rios de domínio do Estado. Vale ressaltar
que não fez mais que sua obrigação, e é um órgão estatal sob um colegiado. Melhor
seria que o Governo Estadual e os Municipais centrassem seus esforços para
dizer à população o que foi feito desde a ocupação patrocinada pela Coroa e
executada por Cabral até a presente escassez, e o vai fazer daqui pra frente. E
como sempre a sociedade contribuirá em todas as etapas do plano.
Platão com certeza
não foi citadino ativo(sociedade subordinada
à lei do espaço preexistente), no entanto foi citado pelo atual governador durante
seu discurso de posse(1/1/2015) ao analisar o bom e o mau governo com o seguinte
recorte: “Onde a Lei é súdita dos governantes e privada de autoridade, vejo
pronta a ruína da cidade; mas onde, ao contrário, a lei é senhora dos
governantes e os governantes seus escravos, vejo a salvação da cidade”.
As linhas acima e as
que virão apontam ao insucesso quanto à questão hídrica, pois as leis que
instrumentalizam as políticas afetas ao tema ÁGUA no Brasil são anteriores ao
século passado, porém foi no século passado(1934) que o valor comercial da água
foi reforçado, e nem por isso despertou interesse nos governantes, o atual está
no terceiro mandato e não tirou o pé do governo Big House.
Órgãos e colegiados
foram sendo criados para dar sustentação(elaborar, normatizar, fiscalizar e
deliberar) nos projetos de assentamentos humanos e de infraestrutura, ocorre
que não estão funcionando a contento, como exemplo o Concidades-ES.
Na porção menor de uso
e ocupação do solo há as Bacias Hidrográficas e a maioria absoluta delas estão
sob jurisdição estadual e municipal e essa pré-existência é preterida por
ocasião da configuração espacial. Reside nisso uma grande lista dos problemas em
infraestruturas.
Várias são às
exposições e os problemas que a população urbana enfrenta, independentemente de
sua cidade ser metropolitana ou de outra região do Estado. O exemplo da moda é
a água.
“A cidade é onde as componentes naturais e sociais se
interpenetram de modo tão relevante que a visão holística é requerida em termos
de excelência. Nos primórdios da sua abordagem geográfica privilegiavam-se o
binômios: sítio – posição. O primeiro, como lugar(unidade geo-ecológica) sobre
o qual se implantava a cidade. O segundo, abrindo-se a um espaço mais amplo(regional)
ligava-se tanto aos atributos naturais(hidrologia, relevo, clima, etc.) como
econômicos(recursos, circulação, política, etc.). Com o tempo, o “determinismo”
ambiental foi suplantado pelo econômico e, sobretudo, entre nós – terceiro mundistas
– as componentes socioeconômicas passaram a “conduzir” as análises urbanas”.(Carlos
Augusto de Figueiredo Monteiro, A cidade desencantada – entre a fundamentação
geográfica e a imaginação artística).
Com as componentes
socioeconômicas determinando o “ritmo” das cidades Cariacica por fatores
assimétricos na Região Metropolitana fica abaixo da “média”, e sua população se
expõe mais. Por outro lado, o investimento em infraestutura alcança uma cobertura
populacional muito maior que em outras cidades devido a sua densidade demográfica,
bem próximo dos valores da Grande São Paulo. Logo são incompreensíveis as
justificativas dadas oficiais e extraoficialmente.
“Já no Município de Cariacica, alguns afluentes da
margem esquerda do Rio Marinho drenam, sobremaneira, áreas urbanas deste
município.
Os afluentes da margem esquerda do Rio Marinho que
escoam em território cariaciquense foram agrupados em 31 sub-bacias, reunidas
de acordo com suas
localizações espaciais em relação ao Córrego Campo
Grande. Desta forma, 18 subbacias estão situadas ao norte do Campo Grande e 13
sub-bacias localizam-se ao sul deste, as quais drenam uma área total de mais de
12 km²”.(Plano Diretor de Macrodrenagem do Município de
Cariacica - I Etapa: Mapeamento Hidrográfico e Diagnóstico)
Em dezembro passado
um trecho com mais de 100 metros lineares do Rio Marinho, que assim como em
outras cidades aqui também o rio é uma APP(Área de Preservação Permanente) foi
aterrado – suspeita-se que por um servidor público -.
“Atualmente, tanto o Rio Marinho quanto o Canal Marinho sofrem ocupações
em suas margens e leito, por não possuírem um estudo de Bacia Hidrográfica e
não ter orientação quanto à necessidade de preservar espaços para sua calha
hidráulica de escoamento”. (Plano Diretor de Macrodrenagem do Município de Cariacica - I Etapa:
Mapeamento Hidrográfico e Diagnóstico)
A bacia hidrográfica é uma área de captação natural de água da precipitação(chuva)
que faz convergir os escoamentos para um único ponto de saída, seu exutório. A
bacia hidrográfica compõe-se basicamente de um conjunto de superfícies vertentes
e de uma rede de drenagem formada por cursos de água(córregos) que confluem até
resultar um leito único no exutório (TUCCI, 2009).
“Segundo Viessman, Harbaugh e Knapp (1972), a bacia hidrográfica é uma
área definida topograficamente, drenada por um curso de água ou um sistema conectado
de cursos d’água, dispondo de uma simples saída para que toda a vazão efluente
seja descarregada”.
Defendo que sempre que possível as políticas públicas sejam concebidas a
partir da bacia hidrográfica, desta forma a possibilidade de acerto dos
governantes existiria.
Se tal proposição for acolhida provavelmente as imagens abaixo poderão
ser alteradas.
Cariacica-ES, 7 de fevereiro de 2015
Uma singela contribuição sobre a Bacia Hidrográfica do Rio Marinho em Cariacica. Pela necessidade que temos é necessário que estejamos intimamente relacionados com a água.
ResponderExcluirGrande Dauri, precisamos cobrar do nosso governador também a galeria do Maria Preta ! protocolamos um documento tem mais de dois anos e nenhuma resposta desta prefeitura !
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