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sexta-feira, 5 de junho de 2015

Marx: crise e transição: contribuições para o debate hoje



A CONTRADIÇÃO EM PROCESSO E SEUS LIMITES: A CRISE NA ERA DO CAPITALISMO SENIL

Quando Marx, no ano de 1848, em parceria com Engels, escreve o Manifesto Comunista, seu conhecimento da Economia Política (EP) ainda estava longe do que viria a ser dez anos mais tarde, quando redige, sob a forma de apontamentos, os Grundrisse (1857-1858), os quais seriam a base para a redação de O Capital. Mesmo sem domínio profundo da EP, isto não o impediu de intuir a dialética do desenvolvimento e destruição das forças produtivas ao longo da evolução do capitalismo. Compreendeu muito bem que [...] a sociedade burguesa moderna, que conjurou gigantescos meios de produção e de troca, assemelha-se ao feiticeiro que já não pode controlar os poderes infernais que invocou [...].

Alguns indicadores dão prova dessa fase senil do capitalismo. Dentre eles destaquem-se:

(4) Outro indicador de senilidade do capitalismo é revelado pela crise energética em que mergulhou o sistema. Atualmente mais de 80% da matriz energética do mundo é composta de recursos naturais não renováveis (petróleo, gás natural e carvão mineral). Bernstein (2009) lembra que

[...] é importante não que esquecer que o capitalismo industrial pôde avançar desde o inal do século XVIII porque conseguiu se tornar independente dos recursos energéticos renováveis, que o submetiam a seus ritmos de reprodução, e impor sua lógica aos recursos não renováveis: o carvão, seguido mais adiante pelo petróleo. Essa proeza depredadora (que nos levou ao desastre atual) foi o pilar decisivo da construção de seu sistema tecnológico articulador de uma complexa e evolutiva rede de procedimentos produtivos, produtos, matérias primas, hábitos de consumo, etc., ligando o desenvolvimento científico e as estruturas de poder.

(5) Crise ecológica, que tem como principal causa a matriz energética extremamente poluente. Não é fácil enfrentar esse problema. A maior diiculdade é o capital inanceiro. Com efeito, sem incluir as empresas estatais, as reservas de combustíveis fosseis estão nas mãos de 200 empresas. Tais reservas, airma Nadal (2013),

[...] já estão anotadas em seus balanços com um enorme valor monetário. Uma avaliação destas empresas admite que essas reservas serão efetivamente realizadas, o que signiica que serão extraídas e utilizadas.
Do ponto de vista contábil, ninguém está preocupado se a utilização dessas reservas é suiciente para ultrapassar o perigoso patamar dos graus centígrados. A mudança climática não é um conceito contábil.

(6) Finalmente, vem a crise urbana como um dos mais complexos indicador de senilidade do capitalismo. Não é preciso ser especialista no assunto para saber que as cidades ocupam destaque central da mídia, com seus desastres decorrentes de

[...] enchentes, desmoronamentos com mortes, congestionamentos, crescimento exponencial da população moradora de favelas (ininterruptamente nos últimos 30 anos), aumento da segregação e da dispersão urbana, desmatamentos, ocupação de dunas, mangues, APPs (Áreas de Proteção Permanente) APMs (Áreas de Proteção dos Mananciais), poluição do ar, das praias, córregos, rios, lagos e mananciais de água, impermeabilização do solo (tamponamento de córregos e abertura de avenidas em fundo de vales), ilhas de calor... e mais ainda: aumento da violência, do crime organizado em torno do consumo de drogas, do stress, da depressão, do individualismo, da competição. As cidades fornecem destaques diários para a mídia escrita, falada e televisionada.

Francisco José Soares Teixeira
M392 Marx: crise e transição: contribuições para o debate hoje / Jair Pinheiro (org.). p. 93 a 107 – Marília : Oficina Universitária; São Paulo : Cultura Acadêmica, 2014.

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